quinta-feira, 11 de agosto de 2011

A MISSÃO CUMPRIDA


        
  
 




      
 
 
 
                                                                                              
                                                                                                    
 
           Em 1956 nasceu um indivíduo, na zona sul da provincia de Tete, mais concretamente na àrea entre os rios Zambeze e Chire ( Inhangoma). Em plena era colonial, conheceu todas as amarguras da vida daquela época, a falta de roupa, alimentação adequada, assistência médica e medicamentosa, toda uma série de necessidades básicas para uma vida humana digna. Para não deixar de salientar o fenómeno de segregação racial, que se vivia por todo o nosso país(Moçambique). Aos sete anos ingressou numa escola primária missionária.
          Na condição de indígina não assimilado, a única via, era apenas estudar nesse tipo de ensino. Foi uma vida difícil,tinha que percorrer  diáriamente vinte e cinco quilómetros para escola. Na mesma sala de àulas compartilhavam duas classes e com o único professor.
         As actividades domésticas, essas não faltavam, pastar cabritos,caçar gazelas e animais de pequeno porte, pescas etc. Tudo isso, era tido como o quotidiano de um jovem normal e obdiente, e granjeava prestígio no seio dos populares.É o que interessava à juventude da època...
            Em 1968, após uma longa batalha de vaivem, se consegue concluir o ensino primário, numa situaçãao muito difícil. Se bem que todos os alunos missionários, eram obrigados a prestarem exames da quarta classe, numa escola oficial (do governo), com nota zero,conhecer a geografia e história de Portugal e o hino nacional de Portugal. Portanto,  o aluno tinha como obrigação, no ensino primário conhecer teoricamete Portugal e a história dos portugueses. Os exames sempre eram duros para os alunos das missões, especialmente nas provas orais.
           Com a quarta classe feita, julga-se meio caminho andado. Era necessário procurar Vilas da època, para um possível emprego. Foi assim que em 1970 descobre uma vila açucareira na província de Sofala (Marromeu). Valeu a pena conhecer este povo hospitaleiro, meigo e amável. Praticamente foram dois anos convivendo com esse povo, em plena època colonial.
            O desejo ardente era  uma possível progressão na esfera social (desafio de todo mundo), para tal , se chega na cidade da Beira em piores condições. Ora bem, isso acontece como havia dito em plena època colonial, as coisas não eram tão fáceis como se esperava de uma cidade como Beira, dominada economicamente pela classe de elíte colonial. Opção inicial para sobreviver: se transforma num serviçal, em quase dois anos neste tipo de actividade de sobrevivência, sujeitando à uma sêrie de vissicitudes da època.
          Mas, valeu a pena e as portas iam-se abrindo. Primeiro pela intensificação da luta pela libertação de Moçambique, liderada óbviamente pela FRELIMO. A conciência patriotica se apodera toda gente oprimida, a esperança pelas mudanças e a independência nacional, era a conversa de cada esquina entre os oprimidos.
              Finalmente os acordos pela paz foram alcançados, e abriram-se os novos horizontes, alfabetização, educação de adultos e o conceito de produção e produtividade se vigora. O novo rumo dependia dos esforços de cada um dos moçambicanos.
              Finalmente, se consegue concluír o nível básivo com sucessos, e pode-se ingressar numa grande empresa, então estatal, Caminhos de Ferro de Moçambique como funcinário de estado, estamos a referir os meados de 1977, durante dois anos de intensos trabalhos, em 1979 é transferido para da antiga TRANZ-ZAMBEZIA-RAILWAYS (TZR), linha de Sena, mais concretamente na Estação de Dona Ana em Mutarara, por sinal a terra natal.
 
           Os imperativos da nação,em 1975 aos 25 de junho o povo Moçambicano celebrou a sua independencia nacional, total e copmleta. Surgem desáfios para todo moçambicano, o slógan, chamamento à Pátria.
            O país passou a ter imensas dificuldades pelos ataques de visinhos, de governos minoritários, refere-se ao Rodesia do Sul(Zimbabwe) e o Apartheid da Africa do sul, que não só atacavam, como criar elementos internos, para se revoltarem contra o sistema então implantado. Isso tudo culminou com a crição do Serviço Militar Obrigatório.
             Foi um previlêgio  participar no Exêrcito, sendo do grupo do primeiro recrutamento nacional.
            Tendo assim, prestado o S.M.O esclupulosamente, desempenhando funções de elíte nas das forças populares de libertação de Moçambique, assim como era chamado o exêrcito. Não foi o mundo de rosas, amigos a perderem as suas vidas e alguns mutilados, estamos a falar o tempo da guerra dos 16 anos. A pressão era maior no seio das forças armadas, se bem que a logística tinha uma sêrie de dificuldades em abastecer em víveres e produtos afins para os militares em todo o país. Foi um sacrifício tremendo, para todos nós que optamos abraçar o exêrcito, pelo chamamento, se bem que alguns camaradas fugiam das fileiras,sem deixarem rastos. É verdade!
            Em 1982 quase no fim, se passa à disponibilidade e o regresso às funções anteriores, foi um grande alívio para a familia. Encontrar os pais, irmãos, amigos e atê colegas de serviço. Um grande sonho realizado!...
 
                                                                                  ( A infância é uma inocência!)
 
 
 
                Quando se regressa da tropa se pretende que tudo se faça! Não foi fácil retornar a vida civil, porém, não precisava de procurar o emprego, se bem que, fora funcionário antes na empresa caminhos de ferro. Fosse como fosse, tinha que começar de novo. O noivado rompido, minha colega pensado que fosse morrer na guerra, arrumou o melhor o que pude.
                O sector de recursos humanos achou melhor me enviar para Mutarara, estou-me a referir da Estação de Dona Ana, para onde  fui reconduzido, em plena guerra dos dezasseis anos, instalo-me aquí. Depois de algum tempo ganhei estatuto de sub-chefe. Caso-me aquí pela minha religião e pelos os reguistos civil, com a minha inesquecível falecida, Nazaré da Costa Nobre Jorge Meque.
                 É verdade! era necessário arregaçar as mangas, para enfrentar nova vida, o profissionalismo e chefe da familia, chefe da familia no sentido muito vasto. Tive que velar pelos meus pais e meus irmãos. O salário não me respondia positivamente, entretanto, fiz tudo quanto pude para ajudar os meus próximos. Utilizei a zora manual, veículo ferroviário sem motor, transportando batatas doce, de Localidade de Chavundira(Mutarara-velha) para Dona Ana. Por vezes. ía ao rio Chire, trazendo de lá peixe fresco. Essa actividade sem grandes rentabilidades, deu o que deu na altura, a ponto de ter criado uma pontinha de inveja nos inrefletidos. A vida sempre foi assim! Os homens não procuram muitas vezes medir os esforços dos outros, senão questionar os resultados de esforços destes.
                    Eu dizia, de mim para mim, repetindo o dito do Doutor António Oliveira Salazar"quem não tem inimigo não tem valor",embora com uma dose de politica, essa afirmação faz bem sentido em muitos casos concretos.
                    Pelo amor que tenho por Mutarara, tenho estado a dizer para muita gente, que senão fosse a guerra naquela altura, eu ainda estaria lá vivendo com a minha familia. Talvez nem toda a desgraça caíria tão rápido na minha esposa. Tenho pensado assim! Por que tudo teve a ver com desgraça da guerra dos dezasseis anos. Isso é verdade! De Mutarara saímos apenas com as nossas vidas nas mãos, como se fosse uma mercadoria parecível. Porque um pequeno descuido era a morte certa. A vida que levamos durante a guerra, foi um inferno que não dá    recordar  por muito tempo...


                  Porem, recordar é viver, enquanto vivos o  passado vai-se transpirando, digamos, transbordando para a nova geração, essa geração que parimos. Trazendo-nos netinhos e nesses descuidadamente transferimos as nossas entranhas. Nunca se deve dizer, esqueço tudo, enquanto continuamos fecundos. Essa nova geração alegra aos mais velhos, aos avôs. 

                      A fecundidade é uma lógica de eternidade. Somos fecundos e eternos!

                         
  
 
                                                                                            
                                                                                                  
 
         

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